Na tarde do sábado (24), a Rede Reaver esteve participando da Marcha Pelo Clima Ceará 2024, um evento que mobilizou comunidades indígenas, quilombolas, líderes ambientalistas, coletivos e diversos setores da sociedade civil. O ato teve como objetivo central sensibilizar a população sobre os desafios socioambientais que impactam tanto a capital quanto o interior do estado, destacando a importância da defesa dos direitos das comunidades periféricas.
Para este ano, a Marcha pelo Clima levantou o tema “Do Sertão ao Mar: Contra o Racismo Ambiental e Por Justiça Climática”. A manifestação abordou a necessidade urgente de dar visibilidade às comunidades mais afetadas pelas crises ambientais e propôs estratégias para enfrentar as mudanças climáticas. Entre as principais pautas, estavam o racismo ambiental, a exploração de urânio no estado, à instalação de usinas eólicas no mar e outras atividades que têm causado danos ao meio ambiente e à vida das populações locais.
O evento começou com uma concentração no Polo de Lazer do Conjunto Ceará, com apresentações culturais de música e dança. Em seguida, os participantes seguiram em cortejo até o Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ). Ao longo do trajeto de 2 km, ocorreram manifestações culturais e falas de lideranças, todas voltadas para as questões ambientais levantadas pelo ato. Durante o percurso, também foram abordadas as queimadas que estão ocorrendo na Amazônia e que têm impactado o Ceará, deixando o céu com uma tonalidade cinza, simbolizando a urgência de ações para combater esses problemas ambientais.
Protagonismo Juvenil
A Marcha Pelo Clima 2024 também evidenciou a participação ativa de adolescentes e jovens cearenses nas decisões sociais. A Rede Ambiental de Valorização de Ecossistemas em Restauração – REAVER que conta com vários coletivos de adolescentes e jovens militantes das pautas socioambientais, reconhecida por seu trabalho de formação e incidência política, juntamente com outros coletivos tiveram uma presença significativa no evento. Como enfatiza Vanessa Feitosa, assessora técnica em advocacy de TdH Brasil, “essa mobilização é uma oportunidade crucial para amplificar as vozes da juventude cearense nas questões climáticas”, disse.
Durante o ato, Carla Nayra, integrante da Rede Reaver e do Coletivo Pantanal em Ação, discursou acerca dos direitos essenciais de vida e que muitas vezes é negado pelo estado. “O lixo na rua, nas esquinas, nas calçadas, não é normal. Comunidade sem espaço de lazer, sem cultura, sem escola e sem creche, não é normal. Tudo isso é racismo ambiental! E nós estamos aqui para falar sobre isso”, disse.
Andreia Lopes, que também fez parte da construção da Marcha, afirmou ser essencial que estejamos juntes para denunciar acerca do racismo ambiental. “Nós temos direito a corpos hídricos bem cuidados, protegidos e limpos. O Rio Maranguapinho merece viver, nossos jovens, nossos corpos merecem viver, e, para isso, é essencial o nosso direito a um ambiente limpo, saudável e com saneamento, sem enchentes que levem nossas coisas todos os anos”, ressaltou.
Após a marcha, os participantes se reuniram no CCBJ para o ‘Festival Pelo Clima’, onde houve atividades artísticas e discussões sobre as questões ambientais que afetam a vida das comunidades.