Evento reuniu jovens de Fortaleza para refletir sobre os impactos das mudanças climáticas e a luta das comunidades periféricas e indígenas. © Arquivo TdH Brasil

A resistência das comunidades indígenas, quilombolas e periféricas diante dos impactos do Racismo Ambiental foi o centro do debate do 4º Seminário da Rede Reaver, realizado no sábado, 25 de janeiro, em Fortaleza. Fruto de uma construção coletiva entre o Instituto Terre des Hommes (TdH) Brasil, o coletivo Irmãos de Periferia e Maluy Potiguara, o evento reuniu adolescentes e jovens para refletir sobre os desafios socioambientais que atravessam seus territórios e discutir caminhos de empoderamento através da arte, da cultura e da incidência política.

O seminário teve como ponto de partida o Complexo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba, onde os participantes puderam vivenciar uma manhã de conexão com a natureza. Em meio a um café da manhã ao ar livre, jogos de vôlei e futebol, o encontro também proporcionou um momento lúdico, com a realização da dinâmica pedagógica “Trilha da Reaver”. “É bem interessante. A metodologia dele é apresentar ações que ajudam ou não o meio ambiente, visando refletir sobre suas ações sustentáveis durante o dia a dia”, comentou Marina, integrante da Rede Reaver. 

No Centro de Memória Raízes da Sabiaguaba, o grupo mergulhou na história e na cultura local, finalizando a primeira etapa da programação com um banho de mangue, uma experiência simbólica da relação das populações tradicionais com esse ecossistema.

Na parte da tarde, os jovens visitaram o Ecomuseu do Mangue, onde participaram de uma roda de conversa sobre a importância dos manguezais no combate às mudanças climáticas e os impactos do Racismo Ambiental sobre comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas. Foi discutido como esses ecossistemas, essenciais para a biodiversidade, continuam ameaçados por atividades humanas e pela negligência do poder público, apesar de serem reconhecidos como unidades de conservação pela legislação.

“Os manguezais são essenciais para o equilíbrio ambiental e a sobrevivência de muitas comunidades, mas continuam ameaçados pelo avanço da especulação imobiliária e pela falta de políticas públicas eficazes. Falar sobre Racismo Ambiental é falar sobre justiça social, sobre o direito à terra e à vida digna”, destacou Denise Mota, técnica de TdH Brasil.

Na sequência, o grupo seguiu para a Lagoa da Maraponga, onde uma roda de conversa sobre saberes ancestrais fomentou reflexões sobre o cuidado com as lagoas urbanas de Fortaleza e a luta por territórios mais justos e saudáveis. Na ocasião, foi realizado um sorteio do livro “O Futuro é Ancestral”, de Ailton Krenak, para reforçar o compromisso com a valorização dos saberes ancestrais e a resistência dos povos tradicionais.

O dia encerrou-se com um sarau beneficente organizado pelo coletivo Irmãos de Periferia, que contou com apresentações culturais, batalhas de rap, palhaçaria e brincadeiras para crianças. Durante o evento, foi realizado um bingo beneficente e a construção de um abaixo-assinado reivindicando melhorias para a comunidade, como a implementação de saneamento básico e acesso à educação.

© Arquivo TdH Brasil

O ecossistema manguezal

Os manguezais são berçários para o ecossistema marinho. Eles desempenham um papel crucial na mitigação das mudanças climáticas ao atuarem como sumidouros de carbono, absorvendo CO₂ e ajudando a reduzir a concentração dos gases do efeito estufa na atmosfera. Além de sua função vital na regulação do clima, esses ecossistemas naturais funcionam como barreiras protetoras, amparando comunidades contra os impactos de tempestades e a elevação do nível do mar. A biodiversidade única dos manguezais, que abriga inúmeras espécies, também preserva e transmite saberes ancestrais, essenciais para o desenvolvimento de estratégias sustentáveis de conservação. Proteger esses ecossistemas é, portanto, uma medida indispensável não só para a preservação ambiental, mas também para assegurar a resiliência das populações que dependem desses territórios para viver.

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